Uma coleção de sonhos, fantasias e interpretações de estímulos nascidos das manifestações de natureza autóctone.
Entre Nações mergulha na vastidão de nossas influências étnicas para ocupar o dimensional de uma herança tribal, aborígene, afrodescendente, quase selvagem, primitiva e exótica nas referências ao oculto, místico e sobrenatural.
Estão presentes nessa narrativa o ritual festivo ou de guerra. As danças e os cânticos cerimoniais. A indumentária dos corpos que ora é máscara, ora é pele pintada travestindo a nudez, livre à contemplação da lua, do sol, da chuva, de lendas e seres. O resultado dá vazão aos ressonantes da natureza evocando o ritmo, a estética eletrificada e o caráter vivo da voz ao suporte dos arranjos e canções desse trabalho.
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Entre Nações também estende sua narrativa ao ambiente fotográfico. Conheça a coleção em nossa galeria online na plataforma Unsplash.
A história do álbum.
Recém saídos da produção e publicação do nosso álbum "Teria Ano", realizado entre os meses de agosto e novembro de 2020, iniciamos a busca do nosso "repertório" histórico, um ideal de quase 30 anos de criações conjuntas existentes apenas na memória. Escritos de letras e "combinações" ou prática de fazer tocar nossos instrumentos com acertos de arranjos e modelagens, células apreendidas apenas pelo gosto pessoal e compartilhadas simultaneamente em nossa convivência.
Mergulhados então, no janeiro de 2021, iniciamos o trabalho de seleção. Listamos mais de uma centena de canções criadas desde o ano de 1989, separando-as em grupos não temáticos mas por afinidade.
Desenhamos a espinha dorsal de vários projetos musicais com diversas características, cronologia e identidades, algo misturado e separado ao mesmo tempo reflexivo à nossa própria "ópera".
Entre eles estava um grupo de canções anteriormente chamado por nós de "Veia da Mata" que emergiu com a mesma força e amor em que sempre nos dedicamos às composições, nossas preciosas prioridades de madrugadas ou momentos congelados de nossa existência cotidiana,
Para tudo e escute essa canção que acabou de chegar aos meus ouvidos.
A intenção do "Veia da Mata" era a de priorizar composições relacionadas aos elementos naturais e mitológicos da nossa cultura, música autóctone e com influência das canções populares brasileiras, publicadas no mercado fonográfico dos anos de 1970 a 1980.
À semelhança da canção Veia da Mata emergiram várias outras que rapidamente reapareceram como convidadas de uma festa tribal. Nos encontramos com os anos de 1991 e 1992 em "Dragão do Tempo" e "Jurupari", com a idêntica energia e vibração que as fizeram ser compostas, naquela época, quando ainda éramos estudantes e ávidos pelo decifrar da cultura, literatura e música do Brasil.
Desses manuscritos de lá, praticamente nada foi alterado.
Fechando a tríade a canção tema "Entre Nações", foi pólo de todo esse trabalho curatorial, sempre perfeitamente pronta em arranjos e intenções e hibernada em nossa vontade de dispertá-la.
Avançamos em outros discursos sobre o pitoresco de nossa mitologia para retirar do fundo da lagoa do ano de 1991 uma canção homenagem -"Filho da Lagoa"- emergindo do alagado saudoso da mineira Pimenta, cidade de Minas Gerais.
Revivemos juntos a "Quimera dos Quatro Elementos" de 1996, rebatizada "Movimento Selvagem" em 2009 na trilha de batidas do coração, indicadas pelos capitães de dobrados e caixas do congado mineiro.
Descansamos à sombra do pomar escondido e mágico de "Vale a Feira", a maçã saboreada por nós desde 2003.
O curso seguiu até "Madeira Delay", retrocedendo ao ano de 2002, com a sua força de cortejo e evocação de "loa" que reverberou o eco "Tropa de Todos Nós", criada no ano seguinte. Perfeito encontro de duas forças rítmicas, as nações negras do maracatu e do afoxé.
A noite chega com o cheiro da madrugada em "Amálgama", fresco orvalho de outubro de 2020. Sem perceber nossa manhã clareia o fenômeno, temos dez pedaços de memória para compilar em informação audiovisual.
Na fusão mítica continuamos a desvendar a nossa própria mata de segredos: a imagem símbolo do projeto. Mas isso é outro sonho.
Acordados, marchamos para repercutir em imagem o signos visuais, a iconografia de baús fotográficos revelados agora em galerias online onde junto à ordenação semiótica caminha uma sorte de "imagens biodiversas", álbum histórico e contemporâneo, redundante em sua taxonomia verde (clique para ver o álbum).
Nasceu o tempo do som, a licença e o acesso aos instrumentos, extensões naturais do desejo de executar ritmos, melodias, solos, arranjos e acidentes dotados da captura dos entes e do não-aprisionar as vozes dessa natureza.
Entre as nações inauguramos uma nova forma de conexão com a nossa criação compartilhada, estreitando a errância para amalgamar os desejos que passaram a habitar em países diferentes.
Brasil:
Equipados com coleções de instrumentos de percussão, famílias de sonoridades metais preciosos encurtamos distâncias e fizemos, o reinado do usufruir da sala-studio, afetiva e criada em 2012 como o Estúdio Homedia, agora a base instrumental e território conquistado para a produção. Sem pressa, sem tempo, sem dimensão real.
Técnico-operacional, o trajeto fluiu como o curso poderoso de nossas correntes oceânicas para construir a foz, ou melhor a voz de cordas pianos e toda a pulsação de acentos dos "beats" e detalhes sonoros de cada música, juntamente com as primeiras audições de guias e sobreposições instrumentais.
Itália:
Nosso abrigo amuleto, costura de patuás, guia e conector da energia de pessoas que nos permitiram ao reencontro, o amplificar aconteceu no Studio B, com a colaboração e sensibilidade de Stefano Bedini, técnico e responsável pelas escolhas dos microfones, amplificadores, empréstimos de instrumentos (uma das guitarras desse projeto é a mítica Hohner G3T Headless Electric Guitar).
Um verdadeiro achado arqueológico encontrado pela voz brasileira, que vasculou no território "borderline" de Milão um local onde o projeto pudesse incorporar toda a energia brasileira do outro lado hemisfério, do inverno à primavera na europa de 2021.
Fundindo os quatro elementos distorcemos harmonicamente o impossível-possível a esse imaginário, antes somente evocado pela nossa memória. Espíritos e entidades ligadas não pela matéria, mas pela materialização de mais um registro, o nosso mistério.
Ficha técnica.
Produzido por André e Leonardo Martins Cardoso.
GRAVADO ENTRE MARÇO E MAIO DE 2021 EM BELO HORIZONTE, BRASIL E MILÃO, ITÁLIA.
BRASIL.
ESTÚDIO HOMEDIA - Belo Horizonte
ITÁLIA.
ESTÚDIO B - Milão
TÉCNICOS E OPERADORES DE GRAVAÇÃO:
STEFANO BEDINO
ANDRÉ E LEONARDO
MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO.
HOMEDIA - Belo Horizonte
TODAS AS COMPOSIÇÕES E EXECUÇÃO MUSICAL SÃO DE AUTORIA DE ANDRÉ MARTINS CARDOSO E LEONARDO MARTINS CARDOSO. PROJETO DISTRIBUÍDO DIGITALMENTE NOS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO STREAMING.
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